quarta-feira, 9 de novembro de 2011

HUMILDADES FAJUTAS



Por Milena Moraes

Salvo os dias do mês em que os níveis hormonais estão bailando loucamente e acabando com uma mínima estabilidade emocional, sempre me achei mais bonita do que feia. Quando eu afirmo que me acho linda
 – e pode esquecer o “se eu não me achar, quem vai?” – é ciente de que não sou uma linda à la Grazi Massafera, Maria Fernanda Cândido ou Angelina Jolie. Sou uma linda normal, que vai de “Diva” em dias de show a “Dona Diva” em dias de faxina, naturalmente... 

Ok, ok. A essa altura vocês devem estar dizendo o mesmo que minha mãe: - Minha filha, tem que ser humilde... Resposta que quem me conhece ou já me viu “estandapear” já sabe que tenho engatilhada para esse tipo de comentário: - A gente já é pobre, tem que ser humilde? Não. Não tem. Pelo menos não essa humildade fajuta que muita gente pratica para estimular a empatia do interlocutor... E pra tentar ganhar reality shows, claro! Prefiro a autoconfiança à beira do pedantismo que essa modéstia irreal. Prefiro a quase prepotência a essa virtude passiva. Quer maior falta de humildade do que a pessoa que se diz humilde? Sem contar a confusão entre humildade e falta de bens materiais...

O fato é que a maioria das pessoas não consegue conceber que alguém seja confiante em si mesmo sem desmerecer o outro. Tão difícil entender que o fato da fulana se achar bonita não significa ela achar que o resto do universo parece filhote de cruz-credo com gremlin pós-ducha?
A referência pra alguém se considerar melhor deveria ser ele mesmo, não o outro. Não é porque alguém gosta do próprio trabalho que acha o do coleguinha ruim. Problemático é ele gostar SÓ do dele, achar que SÓ o que ele faz é bom.
Sinceramente, acho que o negócio é acreditar. Acreditar no que se está fazendo e estar entusiasmado com isso. Dizem que todo entusiasmado é um entusiasta... Olha que lindo! Eu me achar linda pode fazer com que os outros também se achem lindos, e assim o universo seria... Lindo! Ok. Vou parar por aqui, daqui a pouco vão achar que li “O Segredo”...
Quanto a ser linda, acho que o que rola nesse, que as vendedoras e costureiras chamam de, “corpinho bom” – imagino que no meu caso estejam falando de um corpo com um mínimo de proporção, já que não faço o tipo anoréxica nem o mulher-futa – é muito mais atitude que beleza.
Além da capacidade de ir do Tang ao Moët & Chandon com toda a “humildade” possível, ou seja, sem grandes dramas.

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